Seriam necessários mais de 50 mil trabalhadores para preencher as vagas do setor, que enfrenta crise de mão de obra. Assim, sair na frente significa vencer a concorrência.
Para João Fernandes, presidente da Associação de Turismo do Algarve, principal destino turístico de verão, a falta de trabalhadores e a perspectiva de esta ser a melhor temporada desde a pandemia de Covid-19 anteciparam as contratações.
— As contratações são fruto da redução da sazonalidade turística, que agora se estende por mais meses, e da falta de recursos humanos que marcou os últimos anos. Por isso, há uma proatividade da hotelaria — disse Fernandes ao Portugal Giro.
Na disputa por trabalhadores, por exemplo, a rede Tivoli fez uma turnê de sete dias por sete cidades de Portugal em busca de novos talentos. Foram feitas entrevistas e uma pré-seleção de candidatos. Mas, com mais de 500 vagas para preencher (a maioria no Algarve), seu site ainda recebe currículos.
A rede tem 16 hotéis em Portugal e é uma das principais do país. As vagas são para meio período, integral, empregos temporários de verão ou contratação permanente.
Em nota enviada ao blog, a diretora de recursos humanos da rede para Portugal, Carla Silva, informou que a concentração da maior parte de vagas é no Algarve:
— No total, prevemos contratar mais de 500 profissionais este ano, com foco na região algarvia, onde iremos abrir, em final de março, o Tivoli Alvor Algarve Resort, para o qual iremos recrutar cerca de 300 colaboradores.
Já na United Investments Portugal (UIP), que administra o Hyatt Regency Lisboa e Sheraton Cascais, entre outros empreendimentos, há cerca de 380 vagas sazonais e permanentes. Outras redes mantêm quase o mesmo número de vagas abertas.
— É uma antecipação, porque a perspectiva é que o ano terá melhor desempenho que 2022, que ainda teve uma parte afetada pela última vaga pandêmica. Então, há confiança para antecipar o período — explicou Fernandes.
Existe uma lacuna de cinco mil vagas apenas para a hotelaria do Algarve, diz Fernandes:
— Fora as outras atividades de turismo, que incluem bares e restaurantes. A falta de mão de obra afeta Portugal e o mundo ocidental, mas no turismo tem sido pior porque o setor recuperou antes e precisou de trabalhadores mais cedo — afirmou Fernandes.
Muitos trabalhadores do turismo reclamam de longas jornadas, que incluem finais de semana e feriados. Este problema, aliado aos salários baixos, tornaram o setor menos atrativo. Muitos brasileiros acumulam dois empregos no setor para ganhar mais, mas também porque não há mão de obra.
Este mês, o Sindicato dos Trabalhadores do Setor de Serviços e a Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve chegaram a acordo para um aumento médio dos salários acima dos 14%.
— Melhora os salários e aumenta a competitividade do turismo em relação a outros setores — definiu Fernandes.
FONTE: Este conteúdo foi originalmente publicado pelo O Globo, um jornal diário de notícias brasileiro, fundado em 29 de julho de 1925 e sediado no Rio de Janeiro.