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Ilha de Portugal dá vantagens e vira paraíso para trabalho remoto na pandemia

jun 23 2021

A carioca Beatriz Ebert navega à beira-mar pela internet. Pode trabalhar com o computador no colo, sentada na mureta da praia da Ponta do Sol, na Ilha da Madeira, região autônoma de Portugal. Trocou o confinamento em Lisboa pela Digital Nomad Village, a primeira vila criada na Europa com vantagens para atrair nômades digitais, os profissionais em trabalho remoto e sem escritório tradicional. Há 388 brasileiros inscritos.

– Fiz o exame PCR obrigatório e mudei em fevereiro para o estilo de vida nômade digital, sabendo que a ilha está mais aberta que o continente de Portugal, com diversas atividades na natureza, de networking, happy hour, culturais e esportivas. Já viajava muito a trabalho e acabei na comunidade com centenas de nômades irlandeses, alemães, poloneses e tchecos. Trabalhamos e exploramos a ilha juntos – disse Ebert, gerente em uma rede hoteleira.

Há mais de 100 nômades digitais na Ponta do Sol e cerca de 500 em toda a Ilha da Madeira. Os quase 400 profissionais brasileiros inscritos no projeto, com idade de 20 aos 58 anos são fundadores de start-ups, CEOs de grandes empresas, pessoas do esporte e da yoga, coaches de carreira, advogados, designers, marqueteiros, agentes de viagens, professor, jornalista, tradutor, economista, analista jurídica e assistente de tribunal, entre outros.

Eles podem esperar a reabertura de voos diretos a partir do Brasil ou tentar chegar à Madeira fazendo escala autorizada em outras cidades europeias. Ao todo, são mais de cinco mil inscritos de diversas nacionalidades, sendo a maioria dos Estados Unidos.

– Com esta denominação de aldeia nômade, é a primeira da Europa. E podemos dizer que existe uma lista de espera, porque estes brasileiros se inscreveram e aguardam a liberação dos voos para viajar com segurança rumo ao nosso destino seguro e vantajoso. No entanto, temos alguns na Madeira, pois já estavam na Europa. Se as empresas adotam trabalho remoto, porque não fazê-lo de um lugar ótimo? – explicou Micaela Vieira, gerente de projeto da Startup Madeira, uma das organizadoras do projeto, com apoio do governo e criação de Gonçalo Hall.

Para atrair estes profissionais, a Ponta do Sol oferece aos nômades conexão ilimitada, um desktop e espaço de trabalho com mesa e cadeira das 8h30m às 18h. As entidades parceiras envolvidas neste clube de vantagens exclusivo vão desde advogados a serviços de saúde, passando por restaurantes, promotores de eventos e uma das maiores empresas de fornecimento de internet do país. Um grupo exclusivo no slack informa os eventos de negócios e sociais, que costumam ter música e bebida alcóolica, desde que os participantes permaneçam nas mesas ao ar livre e respeitem o distanciamento social. Os bares seguem fechados em Portugal continental mesmo para mesas nas áreas externas.

– E nos nossos eventos todos usam máscara. Tem DJ, mas não é balada, é sentado bebendo drinque – disse Ebert, graduada em Relações Internacionais.

Pacotes de descontos garantem a hospedagem para até 150 pessoas na região, em acomodações pré-selecionadas. O limite máximo de permanência é de seis meses. O projeto piloto vai até o fim de junho, mas empresários manifestaram interesse em replicar iniciativas semelhantes na ilha.

O movimento nômade digital já existia, mas explodiu na pandemia de coronavírus. Com a popularização do trabalho remoto nas empresas,
profissionais ganharam mais liberdade para substituírem os modelos clássicos dos escritórios em centros urbanos por destinos paradísiacos, isolados e pouco populosos – barreiras naturais contra a propagação do coronavírus. Enquanto este estilo de vida aumentava a sua popularidade na Europa, a Madeira criava, em fevereiro, um ‘corredor verde’. É uma via aberta para viajantes a trabalho ou turistas de países sem restrições de voos e com exame negativo de PCR feito até 72 horas antes da entrada.

O governo ampliou a entrada na região ao aceitar certificado de recuperação da Covid-19 ou de vacinação completa até 90 dias pré-viagem. Medida muito próxima do ‘passaporte de imunidade’, ou sanitário, com lançamento na União Europeia previsto para 15 de junho. Distante mil quilômetros de Lisboa, e com medidas restritivas distintas do continente, a Madeira registrou, no domingo (28), 22 casos, soma 8,3 mil infecções e 71 óbitos desde o início da pandemia.

– Durante o dia, é vida quase normal, com máscara. Nosso recolhimento obrigatório é às 19h no fim de semana e 18h nos dias de semana. Há limite de cinco pessoas juntas em grupo, que passa para 10 em espaço aberto. Nosso coworking recebe por dia 50 nômades ansiosos por contato, mas contato seguro – disse Vieira.

FONTE: Este conteúdo foi originalmente publicado pelo O Globo, um jornal diário de notícias brasileiro, fundado em 29 de julho de 1925 e sediado no Rio de Janeiro.

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