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Momentos de alegria em Portugal

mar 7 2022

Anualmente, o The New York Times publica uma lista de 52 destinos a visitar (52 Places to Go) e na lista para 2022 a região vinícola do Alentejo ficou em 7.º lugar. Uma vez que vivemos tempos de pandemia, os critérios de escolha consideraram “destinos para um mundo mudado”, refletindo não apenas a beleza natural dos locais selecionados, mas também a sua contribuição para a sustentabilidade ambiental.

Hoje em dia, quando ouvimos a expressão “aldeia global” associamos de imediato a ideia de “cinco oceanos e sete continentes”. No passado, cada continente era um espaço separado, isolado como uma ilha. Em 1415, a ocupação portuguesa de Ceuta foi a primeira expansão europeia para o continente africano, seguindo-se a descoberta do caminho marítimo para a Índia através do qual os continentes europeu, africano, americano e asiático ficaram ligados. Foi maravilhoso visitar vários monumentos ilustrativos dessa época gloriosa de Portugal e assim viajar pela era dos Descobrimentos.

Portugal tem um clima mediterrânico, por isso, mesmo no inverno, as temperaturas são amenas. A dimensão do território português é muito semelhante ao da Coreia do Sul. Assim, não houve grande dificuldade em visitar todos os cantos do país. Foi interessante descobrir que, embora tenha uma forte tradição católica, no passado Portugal foi governado pelos mouros, motivo pelo qual até aos dias de hoje subsistem elementos da cultura islâmica. Portugal também é famoso pela alimentação saudável, a bem conhecida dieta mediterrânica. Quando se fala de gastronomia, não podem faltar as bebidas. Temos, entre outras, o vinho da Madeira e o vinho do Porto, bebidas espirituosas com reconhecimento mundial. Descobri, mais tarde, que a celebração da independência dos Estados Unidos da América, em 1776, foi comemorada com um brinde de vinho da Madeira.

Reza a lenda que a cidade de Lisboa foi construída por Ulisses, herói da mitologia grega, e tem o sentimento único de uma cidade portuária. Os portugueses tiveram de passar por inúmeras dificuldades até chegarem a terras desconhecidas através do furioso oceano Atlântico, como dizia Fernando Pessoa “Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!”. O fado, nascido desse sentimento, levou a saudade portuguesa a todo o mundo, até mesmo ao Extremo Oriente. É um género musical que fascina amantes de música de todas as nacionalidades.
Através do convívio com os portugueses, achei particularmente interessante o seu espírito descontraído e sem pressas. Compreendi melhor o facto de Portugal, onde o passado e o presente coexistem, ser chamado, segundo uma escritora coreana, de lugar onde o tempo perdura. Para aqueles que estão habituados a viver numa sociedade de cultura acelerada, como é o caso da Coreia (a famosa cultura de Pali Pali), pode inicialmente parecer contranatura, mas a verdade é que quando nos habituamos ganhamos tempo para desfrutar dos prazeres simples da vida quotidiana.

Em 2021, assinalou-se o 60.º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre a Coreia e Portugal, foi um ano de aprofundamento da amizade entre os povos dos dois países. Em Lisboa e no Porto, já podemos ver o Taegeukgi, bandeira coreana, nos autocarros de turismo que têm serviço de áudio coreano. A Escola Naval e a Academia Militar começaram a disponibilizar aulas de taekwondo, arte marcial coreana, aos seus alunos. Através da comida coreana, da k-pop, cinema e telenovelas, a cultura coreana ganhou maior reconhecimento em Portugal. Nos registos históricos coreanos, o primeiro ocidental a chegar à península coreana foi um português chamado João Mendes, no início do século XVII.

Em 2019, antes da pandemia, Portugal foi o oitavo país da União Europeia mais visitado por turistas coreanos, mais de 200 mil coreanos visitaram Portugal nesse ano. Portugal, com a sua história e património cultural riquíssimo, clima ameno, gastronomia diversificada e saudável, paisagens e sobretudo gente de bom coração, já está muito perto de nós, coreanos. Estas são algumas das memórias que levo gravadas no meu coração ao terminar a minha missão em Portugal.

 

FONTE: Este conteúdo foi originalmente publicado pelo Diário de Notícias, um jornal sediado em Lisboa e fundado em 1864.

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