Portugal destaca-se por ser um dos países europeus onde os turistas estão a permanecer mais tempo, em média 6,1 dias no acumulado de um ano até março de 2024, de acordo com o recente relatório do Mastercard Economics Institute, com base na análise de dados agregados de transações com cartão bancário.
Neste estudo da Mastercard, que compara 74 países, Portugal figura em segundo lugar no ‘top 5’ a nível europeu dos destinos onde os turistas estão a evidenciar estadas mais prolongadas, apenas ultrapassado pela Grécia (com 6,8 dias), e seguido de Espanha, em terceiro lugar (6 dias), Croácia (5,8 dias) e Reino Unido (5,6 dias).
Trata-se de um aumento significativo relativamente aos 3,5 dias de permanência média dos turistas em Portugal apurado em março de 2020 (com base na média dos 12 meses anteriores). Mas conforme destaca o relatório da Mastercard, “em todo o mundo, os turistas estão passar mais tempo em férias e a prolongar as suas viagens – cerca de um dia extra, em média, em relação ao que era normal antes da pandemia covid”.
O maior tempo de permanência dos turistas nos locais onde passam férias, que se verifica a nível mundial, é justificado por duas razões principais: por um lado, a tendência de aumento de viagens para destinos mais económicos, na base do conceito “quanto mais barato for o destino, mais longa poderá ser a estada”, e por outro, a preferência geral por climas mais quentes, constatando-se que “por cada grau de temperatura no destino, mais longa é a estada”.
A conclusão do Travel Trends 2024 é que “apesar de desafios como a flutuação das taxas de câmbio, as preocupações climáticas e os diferentes níveis de acessibilidade, o desejo de viajar continua forte” e “as pessoas estão a tornar-se mais estratégicas sobre como, quando, e para onde viajam”, no objetivo de ter no período de férias “experiências mais envolventes e significativas”.
O estudo de tendências no turismo da Mastercard também aponta Portugal é um dos países europeus onde o tráfego de aviação mais cresceu comparativamente com 2019, antes da pandemia, com um aumento de 8%, figurando ainda no ‘top 10’ dos que mais contribuíram para a recuperação do transporte aéreo para os Estados Unidos.
A nível de tendências de procura para o verão, designadamente o período entre junho e agosto, o Travel Trends 2024 destaca que Lisboa está na primeira linha de preferência para espanhóis, franceses e britânicos, ou que o Porto é o principal destino na mira de suíços e também de britânicos.
Ao mesmo tempo, também são analisadas as tendências de procura dos portugueses para o mesmo período, entre junho e agosto, constatando-se que Genebra surge em primeiro lugar entre os destinos ‘top 5’, seguindo-se Nice, Ibiza, Munique e Zurique (que, numa lista mais alargada, também inclui Menorca, Milão, Viena, Lyon e Málaga).
VIDA NOTURNA E EXPERIÊNCIAS TOTALIZAM 12% DOS GASTOS
O destino que se perfila mais popular para o verão, de acordo com o Travel Trends 2024, é Munique, na Alemanha, onde terá lugar o jogo de abertura do Campeonato Europeu de Futebol, a 14 de junho.
“Os viajantes estão a procurar eventos memoráveis, que vão desde eclipses solares a concertos de Taylor Swift, o Carnaval no Brasil ou o Campeonato Mundial de Críquete”, realça o estudo da Mastercard, enfatizando o forte impacto ecónomico atingido com estes eventos.
“O aumento dos gastos dos turistas durante o Carnaval de 2024 no Rio de Janeiro, em restaurantes, bares e supermercados, situou-se 156% acima do que teria acontecido sem o evento”, exemplifica o relatório, dando ainda conta de que “as vendas de restaurantes num raio de quatro quilómetros com os concertos de Taylor Swift em 2023 aumentaram 68% em relação aos negócios normais”.
“Os viajantes estão a procurar eventos memoráveis, que vão desde eclipes solares a concertos de Taylor Swift”, destaca o Travel Trends 2024
Uma tendência que se evidencia é que “os viajantes em todo o mundo estão a priorizar experiências” e “os gastos com experiências e vida noturna totalizam 12% das vendas de turismo”. No geral, “os turistas gastaram mais na vida noturna, e menos nas compras a retalho”.
Também a indústria de passageiros está a recuperar “a todo o vapor”, com as “transações globais de passageiros a situarem-se cerca de 16% acima dos níveis de 2019 no primeiro trimestre”. Segundo nota o Travel Trends 2024, “a crescente diferença entre os preços de cruzeiros e hotéis tem vindo a tornar os cruzeiros numa opção de viagem mais económica”.
Portugal também é dos países onde mais se evidencia a tendência, identificada no estudo da Mastercard, no sentido de os turistas estarem a desviar as suas viagens dos períodos de pico de época alta (designadamente julho e agosto, na Europa) para meses de estações intermédias. Além de Portugal, esta alteração surge ainda destacada na Grécia, em Itália e na Croácia.
Trata-se de um sinal, de acordo com a Mastercard, de que as estadas mais prolongadas dos turistas não se explicam apenas por “verões mais quentes”, mas por “alterações demográficas” relevantes, designadamente o facto de haver “mais reformados, livres de obrigações de trabalho”, além de “mais agregados familiares sem filhos, livres de calendários escolares”.
Em 2024, o que é esperado é um “recorde de viagens na Europa”, com os níveis de procura e “desejo de viajar mais fortes do que nunca”.
FONTE: Este conteúdo foi originalmente publicado pelo Expresso, um jornal português de periodicidade semanal publicado ao sábado desde 1973.