“Nos últimos anos, Portugal tem escrito uma história de sucesso económico impressionante. Que recuperação depois dos anos difíceis de crise económica e financeira”, declarou Olaf Scholz na cerimónia de abertura da feira de Hannover, no Centro de Congressos daquela cidade alemã, aonde chegou acompanhado pelo primeiro-ministro português, ao som da música “A Sky Full of Stars”, da banda britânica Coldplay.
Com António Costa a ouvi-lo na plateia, o chanceler alemão salientou que Portugal “tem feito grandes progressos na tecnologia, digitalização e transição energética”. “Lisboa tornou-se num dos epicentros europeus para start-ups e para os nómadas digitais em todo o mundo. ‘Smartphones e pranchas de surf'”: é uma combinação que funciona”, afirmou, acrescentando que os executivos liderados pelo primeiro-ministro têm “investido de forma maciça na capacidade inovadora de Portugal, com institutos de investigação de ponta, como por exemplo, o Fraunhofer Institute a ficarem atraídos por Portugal”.
“Ao longo dos últimos anos, surgiram numerosas novas cooperações entre empresas: mais de 600 empresas alemãs já estão ativas em Portugal. Não são apenas grandes empresas internacionais, como a Volkswagen, Siemens e Continental, mas também pequenas e médias empresas. Tal deve-se ao bom clima que encontram em Portugal, tanto para investir como para passar férias”, acrescentou.
Em português, Scholz disse assim a Costa que era “bem-vindo” à feira de Hannover.
Costa: “Portugal é o parceiro comercial certo” para transição verde e digital
O primeiro-ministro assegurou, por seu turno, que “Portugal é o parceiro comercial certo para os desafios e a oportunidade” das transições climática e digital, devido à sua aposta nas energias energéticas, mas também à centralidade ganha pelas interconexões digitais.
“O futuro [da indústria] depende da nossa capacidade para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades da dupla transição verde e digital. A pandemia [de covid-19], primeiro, e a terrível guerra desencadeada pela Rússia contra a Ucrânia, agora, mostraram-nos que não há outra escolha a não ser acelerarmos esta dupla transição”, declarou António Costa na cerimónia de abertura da feira de Hannover, abordando a transição verde para referir que o investimento português nessa matéria “começou há muito tempo”.
“Por isso, não ficámos surpreendidos quando a Comissão Europeia posicionou Portugal como o país da União mais bem preparado para cumprir os objetivos climáticos de 2030. As energias renováveis representam já 58% da nossa produção de eletricidade e estamos comprometidos em atingir os 80% até 2026. Somos uma referência mundial em soluções de engenharia verde”, indicou.
O primeiro-ministro referiu ainda que “o ‘pipeline’ de novos investimentos cresce todos os dias, em particular com o hidrogénio verde na linha da frente”. “Estamos a implementar novas soluções no porto de Sines, para assim contribuirmos para a segurança e diversificação das fontes de fornecimento de energia a toda a Europa. E, a médio prazo, tendo em conta a nossa destacada posição de partida, as nossas excelentes condições naturais e as interconexões planeadas, Portugal será um grande exportador de hidrogénio verde”, acrescentou.
No que se refere à transição digital, o chefe de executivo garantiu que Portugal “ganhou uma nova centralidade” através do “cabo submarino EllaLink”, que “amarrou na costa portuguesa ligando a Europa à América do Sul”, mas também através do cabo Equiano que chegou “há apenas alguns dias” a Portugal para ligar a Europa à África do Sul e do cabo ‘To Africa’ que, no próximo ano, “assegurará a partir de Portugal a ligação da Europa à Ásia”.
“Numa palavra, Portugal está ligado através de cabos submarinos diretos a todos os continentes e ainda ao Reino Unido. Isto traduz-se em ligações de alta qualidade, rápidas, estáveis e seguras, que atraem centros de dados e outras empresas digitais”, sublinhou.
O primeiro-ministro referiu ainda que, para além das infraestruturas, Portugal tem a “terceira maior taxa de licenciados de engenharia da Europa”, um “ecossistema dinâmico de inovação que atrai centros de investigação, de desenvolvimento e de serviços de todo o mundo”, tendo o número “duplicado nos últimos seis anos”.
“Em Portugal, dispomos de centros de inovação digital e de zonas livres tecnológicas para testes e demonstração de novas tecnologias. Produzimos componentes fundamentais para indústria de ‘microchips’ e desenvolvemos tecnologias de produção inovadoras nos campos de fabrico inteligente, de inteligência artificial e da Internet das coisas”, referiu.
O primeiro-ministro dirigiu-se, assim, aos empresários para referir que, na feira de Hannover, poderão conhecer o “dinâmico ecossistema digital” português, assim como as suas “tecnologias de produção mais inovadoras”.
FONTE: Este conteúdo foi originalmente publicado pelo Jornal de Notícias, também conhecido por JN, é um jornal diário português fundado em 1888 no Porto.