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Viver em Lisboa: “Expatriados estão entre os mais felizes do mundo”

jan 28 2023

Quem decide viver fora do seu país de origem procura mais qualidade de vida, segurança, bons salários e casas acessíveis. Mas como vivem os expatriados pelo mundo? A InterNations questionou os estrangeiros que moram em 50 países e revelou que Lisboa é considerada, pelos expatriados, a quarta melhor cidade do mundo para viver, aponta o Expat City Ranking 2022. A capital portuguesa destaca-se pela ótima qualidade de vida, bom clima, simpatia local e custo de vida acessível. Mas, segundo o estudo, nem tudo corre bem em Lisboa: as perspetivas de carreira são baixas, assim como os salários.

De acordo com o Expat City Ranking 2022, Lisboa é quarta melhor cidade para os expatriados, sendo apenas superada por Valência (Espanha), Dubai (Emirados Árabes Unidos) e a Cidade do México (México). Para os trabalhadores deslocados do seu país de origem, as piores cidades estrangeiras para viver e trabalhar são Joanesburgo (África do Sul), Frankfurt (Alemanha) e Paris (França).

O estudo publicado pela InterNations em novembro diz ainda que a capital portuguesa “é uma das cidades onde os expatriados são mais felizes com a vida no exterior” (86% diz ser feliz em Lisboa, comparando com 71% a nível global). “Apenas os expatriados que vivem em Valência são ainda mais felizes”, revela. Além disso, Lisboa “está entre as melhores cidades em termos de qualidade de vida, facilidade de fixação e gestão de finanças pessoais, embora os expatriados vejam as suas perspetivas de carreira de forma negativa”, refere ainda o estudo.

Para compreender por que razão Lisboa é uma das melhores cidades para os estrangeiros viverem e trabalharem, o idealista/news passou a pente fino todos os indicadores que compõem o Expat City Ranking 2022, da InterNations. De notar que a capital foi a única cidade portuguesa analisada neste ranking, que reuniu quase 12.000 respostas de expatriados representando 177 nacionalidades. Só foram consideradas neste estudo as cidades que reuniram, pelo menos, 50 questionários.

Qualidade de vida em Lisboa merece quinto lugar

A capital portuguesa foi uma das cidades mais bem avaliadas no Índice de Qualidade de Vida, ficando em quinto lugar neste ranking. Viver com qualidade é tão importante que até 17% dos inquiridos mudaram-se para Lisboa com esse propósito (vs. 7% globalmente). E, de acordo com o estudo, os expatriados não estão desapontados: “Tudo é ótimo aqui: o clima, as pessoas, a comida e a natureza”, diz um expatriado indiano.

Ainda assim, quem arrecadou o primeiro lugar no “Quality of Life Index 2022” (na língua inglesa) foi mesmo a Valência, em Espanha, seguida do Dubai e da Cidade do México. Já nos últimos lugares ficaram Joanesburgo, Cairo e Kuala Lumpur.

Para analisar a qualidade de vida dos expatriados nas 50 cidades do mundo, o estudo teve em conta várias categorias, nas quais a capital portuguesa se destacou:

  • Atividades de lazer: Lisboa ficou no 9º lugar, numa categoria liderada por Barcelona. No fundo da tabela, ficou Mascate, a capital de Omã. Na capital do nosso país, os expatriados dizem apreciar a cultura e a vida noturna (87% dizem-se felizes vs. 67% globalmente), bem como as oportunidades para praticar desportos recreativos (94% contra 81% globalmente);
  • Viagens e transportes: pela facilidade em viajar e a qualidade dos transportes públicos, Lisboa arrecadou o 15º lugar. Os expatriados consideram que é “fácil” caminhar ou andar de bicicleta na capital portuguesa (93% vs. 77% globalmente). Em primeiro lugar neste indicador ficou Viena (Áustria) e em último Joanesburgo;
  • Saúde e bem-estar: esta foi a categoria em que a capital portuguesa ficou mais mal classificada, descendo à 28º posição. Onde há melhor qualidade dos cuidados de saúde é em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, a pior em Dublin, na Irlanda;
  • Segurança e proteção social: Portugal é considerado um dos países mais seguros do mundo, tendo até ficado na 6ª posição no Global Peace Index 2022 do Instituto de Economia e Paz. Neste estudo, Lisboa ocupa o 8º lugar, até porque mais de nove em cada dez expatriados dizem sentir-se seguros na capital (94% vs. 81% globalmente). Ainda assim, Copenhaga, na Dinamarca, é considerado o destino mais seguro de todos. Pelo contrário, a cidade menos segura, dentro das 50 analisadas, é Joanesburgo;
  • Ambiente e clima: esta foi a categoria em que Lisboa obteve a melhor classificação das cinco categorias analisadas, ficando em terceiro lugar. De acordo com o estudo, “quase todos os expatriados (98%) estão satisfeitos com o clima da capital (vs. 62% globalmente)”. A superar Lisboa está Lausana (Suíça), que arrecadou o primeiro lugar. Já em último ficou Cairo, a capital do Egipto.

O que é essencial para um expatriado? Ter acesso a casa, visto, internet e comunicação

Para que os estrangeiros possam viver e trabalhar noutros países precisam de obter visto de residência, encontrar casa, aprender a língua do país e ainda ter acesso aos meios digitais. Foi neste contexto que a InterNations decidiu avaliar a facilidade com que os expatriados conseguem obter os elementos essenciais para viver em cada cidade do mundo, através do “Expat Essencials Index 2022”.

Neste ranking, Lisboa é a 19ª cidade onde os expatriados conseguem obter estes elementos essenciais para viver. Em primeiro lugar, está o Dubai, seguida da capital dos Emirados Árabes Unidos, Abu Dhabi. Já onde é mais difícil reunir as condições essenciais para viver é em Frankfurt, na Alemanha, aponta o estudo.

No sentido de avaliar a facilidade com que os expatriados conseguem reunir os fatores essenciais para viver, o estudo considerou quatro categorias:

  • Habitação: a cidade onde é mais fácil encontrar casa para viver a preços acessíveis é mesmo Bangkok, na Tailândia. Já onde é mais difícil é mesmo em Munique, na Alemanha. Lisboa é a 19ª cidade onde os expatriados conseguem encontrar uma casa que possam pagar com mais facilidade;
  • Tópicos administrativos: Lisboa é a 25ª cidade das 50 analisadas onde é mais fácil abrir uma conta no banco, obter um visto de residência e lidar com a burocracia local. O Dubai é onde é mais fácil lidar com estas questões e em Roma é onde é mais difícil, aponta o estudo;
  • Vida digital: quando um cidadão muda de país também procura ter fácil acesso à internet, a serviços públicos online, bem como a pagamentos digitais. E neste ponto Lisboa ficou em 27º lugar na lista. Talin, a capital da Estónia, foi considerada a cidade com melhor acesso ao mundo digital e Shanghai, na China, a pior;
  • Idioma local: esta categoria abrange a facilidade de viver num destino em particular sem falar a língua local, bem como a simplicidade em aprendê-la. Neste tópico, Singapura aparece em primeiro lugar e Tóquio, no Japão, em último. Já Lisboa ficou na primeira metade da tabela, na 20ª posição.

Trabalhar em Lisboa: o maior desafio para os expatriados

Já no que diz respeito à experiência dos expatriados de trabalhar no estrangeiro, Lisboa não está tão bem classificada – ficou na 36ª posição. No primeiro lugar do “Working Abroad Index 2022” ficou Copenhaga, seguida de Dublin e Nova Iorque. Já em último ficou Istambul, na Turquia.

Em Portugal, existem incentivos para atrair estrangeiros para viver e trabalhar, como é o caso dos vistos para nómadas digitais e a nova lei dos estrangeiros, que vêm facilitar a sua entrada no país. Mas para quem vem do estrangeiro e consegue um emprego em território nacional nem tudo corre bem, havendo baixas perspetivas de carreira, salários baixos e uma cultura de trabalho onde muitas vezes não há flexibilidade e estímulos à criatividade.

Para avaliar a experiência dos expatriados em trabalhar nas diferentes cidades do mundo, o estudo avaliou quatro categorias e Lisboa ficou mal posicionadas em quase todas:

  • Perspetivas de carreira: a cidade que dá maior incentivos à evolução das carreiras profissionais é mesmo Nova Iorque, nos EUA. E Lisboa é uma das cidades em que os expatriados têm menos oportunidades de evolução na carreira, já que ficou na 42º posição da lista. Em último, ficou mesmo Valência, em Espanha (embora tenha sido considerada a cidade com melhor qualidade de vida em 2022, de acordo com o mesmo estudo);
  • Conciliação entre trabalho e lazer: das quatro categorias esta é a que Lisboa está mais bem posicionada, já que ocupa o nono lugar, numa lista em que Copenhaga arrecada a primeira posição. Em último ficou Cairo. Segundo o estudo, mais de sete em cada dez expatriados (72%) classificam positivamente o equilíbrio entre vida profissional e pessoal em Lisboa (vs. 62% a nível global).
  • Salário e segurança no trabalho: Basileia, na Suíça, é onde há melhores salários e segurança laboral, de acordo com os inquiridos. E onde há menos é em Istambul. Neste ponto, Lisboa está entre os últimos lugares, na 44ª posição. Cerca de 27% dos trabalhadores estrangeiros que vivem em Lisboa sentem que não são pagos de forma justa. “Os salários em geral são muito baixos em Portugal”, disse um expatriado irlandês citado pelo estudo.
  • Cultura no trabalho e satisfação: é também em Nova Iorque que os expatriados estão mais satisfeitos com a cultura laboral, medida pelos incentivos à criatividade, ao trabalho independente conjugados com a flexibilidade. Já Lisboa ocupa a 30ª posição numa lista em que o último lugar (50º) é ocupado por Tóquio, a capital japonesa.

Apesar de o mercado de trabalho lisboeta não ser atrativo, os expatriados que vivem na capital portuguesa dizem-se satisfeitos com as suas finanças pessoais, colocando Lisboa em quinto lugar no “Personal Finance Index 2022”.

A “alta satisfação” dos expatriados com o custo de vida [embora esteja mais caro com a inflação] poderá ajudar a explicar esta classificação: cerca de 69% dos estrangeiros que estão a viver na capital dizem-se felizes com a gestão das suas finanças pessoais, contra 45% a nível global. E, apesar dos baixos salários, “71% diz que os rendimentos familiares disponíveis são suficientes ou mais do que suficientes para ter uma vida confortável, uma percentagem quase igual à média global (72%)”.

Lisboa e a cultura que acolhe quem chega

A facilidade de os expatriados se estabelecerem nas cidades do mundo também foi analisada minuciosamente pela InterNations. E, no Ease of Settling in Index 2022, Lisboa ocupa a quinta posição. Ou seja, foi a quinta cidade das 50 analisadas onde os estrangeiros melhor se conseguiram adaptar. A Cidade do México ficou em primeiro lugar neste índice e Viena em último.

Para analisar a capacidade de acolher os expatriados nas diferentes cidades do globo, o estudo considerou as seguintes categorias:

  • Cultura e a capacidade de receber bem: categoria em que Lisboa ficou em segundo lugar, ficando atrás apenas da Cidade do México. Em último ficou Düsseldorf, na Alemanha ;
  • Simpatia local: aqui a capital portuguesa ficou em quarto lugar. Onde há mais simpatia local é mesmo na Cidade do México. E onde há menos, segundo o estudo, é em Viena.
  • Encontrar amigos: Lisboa ficou na 8ª posição. Uma vez mais, a Cidade do México ficou em primeiro. E, desta vez, o último lugar pertence a Hamburgo, na Alemanha.

“As cidades na Península Ibérica apresentam um bom desempenho no que diz respeito à facilidade com que os expatriados têm em se instalar. Além de Valência (3ª), Lisboa (5ª) e Madrid (7ª) são populares entre os expatriados neste ponto”, refere o estudo.

Mas há uma cidade que “impressiona particularmente pela sua cultura acolhedora”: Lisboa, aponta ainda a mesma publicação. Isto porque quase três em cada quatro expatriados que vivem na capital portuguesa (74%) se sentem em casa (vs. 62% globalmente) e 80% diz que se sentem bem-vindos (vs. 66% globalmente). Mais: para 81% dos inquiridos, é fácil habituar-se à cultura lisboeta (vs. 62% a nível global). “Eu adoro o povo português hospitaleiro, paciente e descontraído. Eles são prestáveis, gentis e educados”, diz um expatriado dos EUA.

 

FONTE: Este conteúdo foi originalmente publicado pelo portal imobiliário Idealista.

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