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Emprego em Portugal volta ao nível pré-pandemia, mas há milhares de vagas a preencher

ago 23 2021

A retomada do emprego em Portugal é consistente. Mas ainda há milhares de vagas para recuperar ou preencher, um efeito direto do problema demográfico e da redução de turistas e da mão de obra no país.

Ao fim do segundo trimestre deste ano, havia mais pessoas empregadas do que antes da pandemia de Covid-19.

Mais de 4,8 milhões de postos de trabalho estão ocupados neste momento, um aumento de 0,8% (mais 36 mil pessoas empregadas) em relação ao segundo trimestre de 2019, ainda livre de coronavírus.

O aumento é ainda maior se comparado ao segundo trimestre de 2020, marcado pela redução das atividades econômicas e dos postos de trabalho durante a primeira quarentena. São mais 208,9 mil empregos, subida de 4,5%.

Em relação ao primeiro trimestre deste ano, quando o país parou novamente para conter novo surto de Covid-19, o aumento é de 2,8% (128 mil vagas).

Os números foram divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) na última semana. E mostram o peso do turismo na balança.

Subsetor dos serviços, o turismo ainda tem mais de 72 mil postos para recuperar. A maior parte em hotelaria, restaurantes e cafés, empregos menos qualificados.

Mas, no geral, incluindo outros subsetores como transportes, financeiro e seguros e informação, foi em serviços – atividade mais afetada pela pandemia – que grande parte das vagas foi recuperada: mais de 100 mil.

Porém, entre o fim de 2019 e o segundo trimestre de 2020, os serviços perderam mais de 145 mil vagas.

A falta de mão de obra para o setor virou um drama na retomada. Eram, em grande parte, postos ocupados por imigrantes, que deixaram o país ao perderem o emprego ou não podem entrar devido às fronteiras fechadas para países com grande incidência de Covid-19, como o Brasil.

Isto explica os números de desemprego do INE, mesmo com oferta de vagas. A estimativa é que existam 345,7 mil desempregados neste trimestre, 5,2% acima do mesmo período de 2019. Taxa de desemprego de 6,7%.

Há 377,8 mil pessoas inscritas nos centros nacionais do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) e mais de 12 mil ofertas – maioria em serviços – ficaram sem resposta, porque existe relutância em aceitar empregos menos qualificados.

Mesmo que a economia dê sinais de vitalidade, como ressaltou o ministro da Economia e Transição Digital, Pedro Siza Vieira, o turismo, responsável por 8% do Produto Interno Bruto, ainda agoniza e atrasa a recuperação plena.

Nos primeiros seis meses deste ano, os turistas gastaram €2,4 bilhões, queda de 67,8% em comparação com 2019. Desde 2000 o valor não era tão reduzido, de acordo com dados de terça-feira do Banco de Portugal. É um semestre 26% pior em faturamento que em 2020.

Chegaram a Portugal 5,5 milhões de passageiros, 44,6% a menos que os 9,9 milhões registrados no primeiro semestre de 2020.

Somente em relação aos turistas brasileiros, o estanque foi violento. Maior mercado emissor de fora da Europa, o Brasil representou 1,3 milhões visitantes em 2019, mais 13,9% que no ano anterior.

É bom lembrar que muitos brasileiros entraram no país como turistas, mas permaneceram em Portugal para procurar emprego. Uma parte conseguiu trabalho e o visto de residência. Este movimento não acontece em massa há quase dois anos, o que ajuda a entender a carência de mão de obra.

 

FONTE: Este conteúdo foi originalmente publicado pelo O Globo, um jornal diário de notícias brasileiro, fundado em 29 de julho de 1925 e sediado no Rio de Janeiro.

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