LISBOA – A pandemia chamou a atenção para uma nova rota de imigração em Portugal: o interior do país.
Pequenas prefeituras desenvolvem estratégias econômicas para atrair e manter empreendedores e profissionais em meio a um novo plano do governo português para atacar o crônico problema demográfico do país e ajudar a recuperação da econômica no pós-pandemia.
Titular do Ministério da Coesão Territorial, que se empenha em revitalizar o interior de Portugal, Ana Abrunhosa quer atrair mais brasileiros para pequenas cidades no país.
Vista do Douro a partir do Museu do Côa. Pequenas cidades do interior se tornaram destinos promovidos pelo governo português na tentativa de minimizar os danos econômicos causados pelo coronavírus no turismo Foto: Gian AmatoCasas do Côro inseridas na paisagem da Aldeia de Marialva, no distrito da Guarda, a 300 quilômetros de Lisboa. Turismo responde por quase 15% da economia do país e emprega 400 mil pessoas Foto: Gian AmatoRuínas do Castelo de Marialva: roteiro turístico pelo interior de Portugal ameniza impacto da pandemia no setor com visitantes do próprio país Foto: Gian AmatoPanorama da aldeia de Marialva visto de uma vinha nos arredores. Portugal criou a campanha #tupodes para estimular residentes a pegarem estrada e redescobrirem a face rural do país.
A senhora diz que é preciso desafiar as pessoas a irem viver no interior de Portugal. Este desafio está sendo aceito?
Quero acreditar que sim. Temos tido grande procura pelas medidas de apoio que visam levar mais pessoas e empresas para o interior. Se conseguimos alterar o panorama, diria que não, porque é um processo longo e temos que manter e consolidar as medidas.
O que diria aos brasileiros que queiram investir em negócios no interior de Portugal?
Que é o momento de virem, porque as prefeituras têm medidas de apoio para habitação, e o governo apoia o investimento. Os brasileiros sentirão segurança no interior com suas famílias, com boas escolas, de nível internacional, e boa estrutura de saúde.
Os pais terão o privilégio, como não acontece, infelizmente, no Brasil, de levarem os filhos pelas mãos à escola, de passearem e brincarem no parque sem seguranças, carros blindados e condomínios fechados.
Os brasileiros que vão para Portugal ainda preferem Porto e Lisboa, mas começam a olhar para o interior. A que se deve este movimento?
A melhor maneira de descobrir o interior é quando já estamos a viver no nosso litoral. Muitas experiências no interior se despertam a partir do litoral e, portanto, é um processo de confiança no nosso país.
A pandemia fez mudar a demanda pelo interior?
Ainda associamos o interior à ideia da mulher vestida de preto e com bigode. Muitas pessoas no confinamento saíram para o interior procurando refúgio e perceberam que não é só ruralidade.
Há centros urbanos, com qualidade de vida. O que falta são pessoas. Podemos viver no interior e trabalhar remotamente para o mundo.
A pandemia trouxe para o governo a questão de dizer: “É agora, temos que aproveitar que as pessoas estão trabalhando em casa, com a família, em pequenos apartamentos, e têm a disposição de mudar de vida numa situação limite”.
Em agosto lançamos a medida Trabalhar no Interior e, até outubro, 2,5 mil pessoas saíram do litoral para o interior com um apoio pago à família de até € 4,8 mil.
Essa medida foi aprovada dez dias após o início do confinamento, em março. Foi coincidência ou estratégia?
Era uma medida que nós tínhamos trabalhado em fevereiro. A pandemia não alterou os planos, tornou-os mais urgentes, tivemos que acelerar.
E como tornar o interior ainda mais atrativo?
Com um conjunto de ações que tragam imigrantes e pessoas. No Orçamento de Estado para 2021, temos benefício
Temos apoio às empresas e parcerias com universidades para formarem jovens de acordo com as necessidades do mercado. Há um esforço para termos um polo de agricultura inteligente, de agrotec.
Temos um centro de conhecimento a desenvolver tecnologia para trabalhar com as empresas.
s fiscais maiores para as famílias que vivem no interior.
Fonte: O GLOBO