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Vinhos de luxo até 10 euros: trinta garrafas para brilhar à mesa

maio 29 2023

VINHO VERDE

A denominação induz em erro, e só por uma rebuscada pesquisa histórica chegamos à razão de ser, pelos tempos em que por razões diversas não se conseguia chegar a níveis bons de maturação fenólica nem de concentração de açúcares nos bagos. Nasceu assim a useira e vezeira oposição verde/maduro, mas isso são tempos que já lá vão. Os terroirs minhotos hoje dão vinhos cheios e complexos, com belíssima capacidade de envelhecimento.

Paço de Teixeiró Verde branco 2018 | Montez Champalimaud – 7,5 euros
Faz fronteira com o Douro, uvas de excelente qualidade, trabalho enológico primoroso. Pela acidez que apresenta, corta bem queijos de pasta mole e acompanha na perfeição peixes fumados ou em escabeche.

Aveleda Alvarinho Verde branco 2018 | Quinta da Aveleda – 6 euros
Belo exemplo da que é uma casta de grande talante, bem enraizada na tradição nortenha dos grandes vinhos de solos graníticos. Notas cítricas e toranja e infusão de lucia-lima, gosta da companhia de peixe grelhado e marisco com maionese, muito flexível à mesa.

TRÁS-OS-MONTES

É uma das regiões em franca ascensão e está a produzir vinhos de excelentes frescura, preço, e grau alcoólico moderado. Xisto e granito convivem nos solos onde as vinhas estão plantadas e há diversas zonas de transição que compõem um mosaico de matizes interessante. Além disso, as cotas dos vinhedos são bastante altas, oferecendo encostas de exposições diversas. Há que acompanhar de perto o que se está a fazer na região.

Encostas de Sonim Reserva Trás-os-Montes branco 2018 Encostas de Sonim – 7,50 euros
Perto de Valpaços, onde os granitos se fazem sentir, este produtor de Sonim tem dos melhores terroirs para brancos, e faz tintos de truz. Este em particular gosta de peixe assado no forno e de bacalhau à lagareiro, resolvendo ambos graças à acidez e estrutura com que foi dotado.

Trás-os-Montes – Flor do Tua Reserva tinto 2016 | Costa Boal – 7 euros
Vinho de grande frescura, equilibrado em todas as fases da prova, a mostrar até alguma salinidade na boca. Excelente para fazer face a um queijo curado, e vai beneficiar muito de um par de anos em cave, pois ganhará complexidade.

BEIRA INTERIOR

Os vinhos produzidos nos maciços graníticos altos desta grande língua de território que acompanha um terço da raia portuguesa são únicos e estão na moda. As vinhas velhas, as temperaturas tórridas no Verão e gélidas no Inverno configuram um berço fantástico que abraça as castas antigas e as vinhas velhas com carinho e força. Todos os anos nascem novos projectos e os estilos multiplicam-se, o que é sinónimo de riqueza.

Adega 23 Terras da Beira branco 2017 | Adega 23 – 10 euros
Mineral logo na entrada, evolui para uma sequência floral e frutos de polpa brancaque cativa, para regressar no final de boca ao património mineral, com sugestões salinas vincadas. Acompanha tão bem uma blanquette de vitela como um prato de tripas.

doispontocinco Fonte Cal Colheita Especial Beira Interior branco 2017 | 2.5 Vinhos de Belmonte – 7,50 euros
Entra na boca em força, para de imediato abrir nuances de fruta vermelha de arbusto ponteada por notas balsâmicas. Trabalha muito bem o marisco e a mesa petisqueira de fritos e salgados, graças a um equilíbrio grande entre acidez e corpo. Vai envelhecer bem em cave.

BAIRRADA

Estamos na região vinícola que nos deu a maioria dos vinhos clássicos do nosso valioso património. Os solos calcários e caprichosos dos vinhedos bairradinos encerram um matiz notável de minipropriedades, a ponto de tornar inevitável a comparação com a Borgonha. A casta Baga é aqui rainha e há mais, muito mais, para explorar. É também aqui estão muitos dos produtores de espumantes de grande gabarito, assim como vários novos talentos que há que acompanhar de perto.

Quinta do Encontro Bairrada tinto 2015 | Global Wines – 5 euros
Vigor, elegância e frescura, num vinho simples, quase expressão directa das vinhas, abrilhantada pela intervenção enológica conhecedora. Taninos finos, óptimo equilíbrio na boca, é uma fórmula a um tempo sábia e económica para ter sempre um bom Bairrada na garrafeira.

Quinta das Bágeiras Bruto Natural Bairrada espumante branco 2015 | Mário Sérgio Nuno – 8,50 euros
Uma delícia mesmo para os mais arredados do universo dos espumantes. Bolha muito fina, componentes equilibrados, e a acidez que só a Bairrada constrói naturalmente. Companhia inefável do leitão assado e de muito outro legado culinário nacional.

Ataíde Semedo Touriga Nacional e Baga Reserva Bairrada tinto 2016 | Ataíde Semedo – 8 euros
Excelente relação perço/qualidade, vinho saído das mãos de um dos mais notáveis artífices bairradinos. Aqui a Baga aparece casada com a omnipresente Touriga Nacional, e curiosamente ambas encontram o seu lugar sem competir demasiado. Excelente para pratos de caça.

DÃO

Dominam a região os granitos velhos e compactos, de resto como até a cantaria das casas mostra. A Touriga Nacional tem aqui o seu trono e a casta Encruzado é rainha-mãe desde há muito, produzindo vinhos que só após três ou quatro anos começam a mostrar-se. Invernos muito frios, Verões quentes mais arejados, o Dão é um paraíso para os criadores de vinhos, para nosso deleite e usufruto. Tintos e brancos envelhecem harmoniosamente aqui.

Quinta dos Carvalhais Dão branco 2018 | Sogrape – 8,5 euros
A Quinta dos Carvalhais configura o demonstrador da riqueza e diversidade de toda a região, a grande maioria dos enólogos e técnicos de viticultura já ali trabalharam ou estagiaram. Provar este branco é um pouco como dar-se ao contacto físico com vinhas e tecnologias. Este branco representa o lado mais moderno desse trabalho.

Quinta de Cabriz Colheita Seleccionada Dão tinto 2016 | Global Wines – 4,5 euros
Um tinto poderoso e cheio que é ao mesmo tempo muito elegante e harmonioso, como só o Dão consegue proporcionar. Impecável para a assessoria de grelhados no carvão, e muito eficaz com feijoadas e outros pratos tacho baseados em leguminosas.

Quinta do Perdigão Encruzado Dão branco 2017 | Quinta do Perdigão – 9 euros
Trabalhada de forma única pela delicadeza e respeito pela integridade das uvas, a casta Encruzado tem aqui uma das mais felizes declinações, com a vantagem de ser financeiramente acessível. O melhor parceiro do queijo Serra da Estrela.

PORTO

É fundamental conhecer, provar, comprar e guardar vinho do Porto ao longo da vida. Demora anos a perceber exatamente o que é, pelas muitas bifurcações de estilos e opções de produtores, mas isso não é senão sinal de que urge começar. Talvez ao fim de uma década se esteja em condições para cada um perceber de quais gosta mais. Depois, é viver o resto da vida a acompanhar as evoluções e as harmonizações à mesa que permita.

Lágrima Porto branco | Adriano Ramos Pinto – 9,50 euros
Copioso na boca, é ao mesmo tempo ligeiro e se bebido fresco é uma belíssima companhia para uma bola de sardinha ou de bacalhau. Os frutos secos torrados dão-se bem com ele, e é sempre de experimentar um bom presunto de fumeiro para o ver configurado para a mesa.

Infantado Ruby Porto | Quinta do Infantado – 6 euros
Um vinho do Porto para ter sempre à mão, bem feito e capaz de enfrentar vários desafios. Puxa naturalmente a harmonização com chocolate, seja bolo, biscoito ou mousse. Surpreendente com queijos velhos ou muito curados, explorando opostos de forma vigorosa.

DOURO

Estamos na grande ilha de xisto e é um dos grandes terroirs nacionais, além de cenário de sonho em cada curva que se faz, progredindo pelas estradas sinuosas que a rasgam. A transição xisto-granito tem sido estudada e experimentada com êxito por exemplo para produzir grandes brancos. O Douro Superior tem sido alvo de muitos investimentos, com projectos inovadores que têm agitado as praças nacionais e internacionais.

Três Bagos Douro tinto 2017 | Lavradores de Feitoria – 9,50 euros
Vinho prático e muito eficaz à mesa, amigo da mesa e da boa companhia. Vitela assada e cabrito grelhado vão particularmente bem com este vinho, mas é excelente também com massas e gratinados. Frescura e equilíbrio.

Pacheca Douro tinto 2015 | Quinta da Pacheca – 5 euros
A Quinta da Pacheca merece muita atenção nesta altura, por ter conseguido uma renovação sem par, em todas as frentes. Este vinho pode ir muito bem com o cozido à portuguesa, ou com mão de vaca com grão, pelo poder de resolução que tem.

Quinta da Casa Amarela Douro tinto 2018 | Quinta da Casa Amarela – 9 euros
Taninos muito finos, um pouco inesperados até, dado o preço. É contudo um pouco a assinatura da casa, a que há que juntar a longevidade dos seus néctares. Excelente para um arroz de pato bem puxado nos condimentos, ou com carnes grelhadas maturadas.

TEJO

A região chamava-se Ribatejo antigamente e ganhou projeção internacional ao assumir o rio que a rasga e recorta em subterroirs. É também provavelmente o espaço em que castas nacionais e estrangeiras mais e melhor convivem, havendo muitos títulos de duetos de castas. O Tejo soube reinventar-se e passar de uma região produção em quantidade, para uma outra, focada na qualidade e inovação. O resultado imediato foi a penetração em mercados de todo o mundo.

Quinta da Alorna Arinto e Chardonnay Reserva branco 2017 | Quinta da Alorna – 9 euros
Aqui está um exemplo brilhante de ligação de duas castas, uma nacional outra francesa, a produzir um vinho em que o todo é melhor que a soma das partes. É já um clássico da região, e ao longo dos anos tem mostrado muita consistência de qualidade e estilo.

Bridão Alicante Bouschet Colheita Seleccionada Tejo tinto 2015 | Adega do Cartaxo – 6 euros
A linha Bridão de vinhos da adega cooperativa do Cartaxo representa um esforço grande de melhoramento e trabalho nas vinhas, e ao mesmo tempo a coragem de escalonar as uvas para cada marca. O resultado é visível em todos, mas este Alicante Bouschet é, em absoluto, notável.

LISBOA

Chega e passa Montejunto a região que recebe o nome da capital portuguesa, abrange Bucelas, Carcavelos e Colares, e engloba algumas das mais prodigiosas zonas de várzea do país. Conhecíamo-la outrora como Estremadura e à semelhança do que acontece no Tejo, experimenta-se e produz-se com êxito castas estrangeiras e mixes de castas nacionais e estrangeiras. Estamos mais perto do mar do que a capital, o que também se sente no perfil dos vinhos.

Arinto by Chocapalha Lisboa branco 2018 | Quinta de Chocapalha – 8,5 euros
A prodigiosa casta Arinto consegue adaptar-se a solos e climas diversos, mas neste de Chocapalha, perto de Aldeia Galega atinge o pleno. Trata bem o peixe grelhado, as saladas frescas e os mariscos, claro, mas vai mais longe, pela salinidade e elegância que apresenta.

Quinta do Gradil Chardonnay Lisboa branco 2018 | Quinta do Gradil – 8 euros
A Quinta do Gradil é um dos melhores terroirs para vinhos brancos do país. A escolha deste Chardonnay deve-se à óptima expressão da casta conseguida aqui. Notas florais e ao mesmo tempo de pêssego maduro tornam-no muito flexível à mesa.

Quinta do Monte d’Oiro Lisboa tinto 2016 | José Bento dos Santos – 10 euros
Notas de rama de tomate, azeitona preta e fruta escura cozida são apenas a porta de entrada para um caminho de descoberta deste 100% Syrah, a casta-emblema da quinta. Muito fino na boca, apresenta uma estrutura muito bem urdida, vocacionando-o para pratos finos e equilibrados.

PENÍNSULA DE SETÚBAL

Areia, argila, calcário, seixo rolado, os solos aqui mudam a cada cem metros. Estamos num palco de grande expressão de castas como Castelão, Moscatel, Arinto e Fernão Pires, e há vinhas velhas notáveis. No seu todo, a região tem muito ainda por onde explorar e recebe bem novos projetos de braços abertos. A nova geração das famílias tradicionais está a operar uma revolução tranquila, de que podemos esperar o melhor.

Risco Setúbal tinto 2017 | António Saramago – 4 euros
Produzido a partir de Castelão e Alicante Bouschet, este vinho explora zonas de transição e ensaia novas técnicas enológicas. Pai e filho são ambos enólogos e buscam a ampliação das fronteiras de conhecimento conhecidas. Vinho excelente para churrasco e petiscos.

Adega de Pegões Colheita Seleccionada branco 2017 | Coop. Agr. S. Isidro de Pegões – 4 euros
30% Fernão Pires, 25% Verdelho, 25% Antão Vaz 10% Chardonnay e 10% Arinto, uma fórmula que pode mudar ligeiramente de ano para ano, mas dificilmente será alterada, pois trata-se de um dos brancos mais populares da produção nacional. Desempenho notável com sushi.

ALENTEJO

É surpreendente a transformação por que a região passou nas duas últimas décadas. De vinhos monolíticos e pesados, passou a apresentar perfis frescos, contidos na extracção e grau, mais orientados até para a gastronomia alentejana. Sem complexos, foi buscando a sua própria metamorfose. Hoje os vinhos do Alentejo estão a ganhar adeptos por todo o mundo. Os grandes produtores têm responsabilidades fortes nisso, souberam ser exemplo e apoiar todos os outros.

Monte Velho Alentejo tinto 2018 | Esporão – 4 euros
Desde a conversão total da produção para o modo biológico até à reformulação de perfis dos vinhos existentes, O Esporão é por muitas razões um caso de estudo para todo o mundo. Esta marca, uma das mais conhecidas a acarinhadas pelo público português, traduz-se hoje num vinho elegante e sofisticado.

Adega Vidigueira Antão Vaz Alentejo branco 2018 | Ad. Coop. Vidigueira Cuba e Alvito – 4,5 euros
A Vidigueira é a capital natural da casta Antão Vaz, estruturante em todo o Alentejo. Está aqui um exemplo de requinte e trabalho nas vinhas que nos fazem acreditar que é mesmo por estas paragens que a casta atinge o seu zénite. Uma adega cooperativa que se concentrou nas mais valias da região.

AM Verdelho Alentejo branco 2018 | Adega Mayor – 9 euros
Vinho gastronómico, que agradece e precisa de pratos com alguma sofisticação. Excelente com cozinhas orientais, desde sashimi puro até caril tailandês, passando por tempuras e caldos exóticos. Perfil muito bem afinado.

ALGARVE

Os tempos de glória de Lagoa, que são os mesmos dos solos de areia que marcavam a região, já lá vão. Passadas umas décadas, contudo, o Algarve parece ter-se sabido reconfigurar, plantando e reestruturando vinhas aqui e ali, com resultados de grande mérito. O posicionamento vanguardista de alguns produtores chamou a atenção do mercado, levando a que outros investissem também em vinha e novas plantações. Os resultados estão à vista, pelos fatores de produção envolvidos os vinhos resultam um pouco caros no geral, mas há exceções.

Herdade Barranco do Vale Reserva Algarve branco 2018 | Herdade do Barranco do Vale – 8,5 euros
Muita dedicação de um casal, trabalho em rede e sobretudo saber ouvir e integrar conhecimentos transmitidos, fizeram com que esta herdade se posicionasse de forma sólida no mercado. Este vinho é imbatível na cascaria, xeréns e caldeiradas ligeiras.

Foral de Albufeira Colheita Seleccionada Algarve tinto 2018 | Mosqueira Agrícola – 7,5 euros
Esta marca entrou no gosto de consumidores e restauradores do Algarve e é dos que mais circula. Resolve a maioria das situações de consumo e na boca mostra um lado salino que é bem-vindo na exploração de grelhados no carvão. Excelente com carnes maturadas.

MADEIRA

Os portugueses estão a acordar para os vinhos da Madeira, o que está a fazer com que os produtores estejam a criar marcas de perfil moderno e preço mais contido do que os tradicionais pesos pesados. Se os vinhos do Porto são feitos para os netos, os vinhos da Madeira são pelo menos para os bisnetos. Acidez elevada, altos níveis de doçura, tornam-nos, ao mesmo tempo, praticamente eternos.

Barbeito Meio Doce 3 Anos | Barbeito – 9 euros
A casa Barbeito é uma das que mais tem inovado, aproximando a oferta do consumidor, nos diversos patamares de preço. Este tem um perfil de grande simplicidade e tem tudo o que um bom Madeira tem para oferecer. Óptimo como primeiro passo para descobrir outros.

 

FONTE: Este conteúdo foi originalmente publicado pela Evasões, uma revista semanal portuguesa que publica informação relativa a viagens, hotéis, gastronomia e vinhos, turismo, cultura e televisão, e outros temas relacionados com o conceito abrangente de lazer.

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